As dores do crescimento

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Às vezes uma criança pode se queixar de dores, principalmente nas pernas, que quando levadas a um especialista, podem ser diagnosticadas como dores de crescimento. As causas, ainda não totalmente conhecidas, seriam um descompasso entre o crescimento dos ossos e dos tendões e músculos, uns podem se desenvolver mais rápido que outros, gerando sobrecarga. Mas a ideia é que em algum momento se igualem, cessando a dor. Dessa forma, há que se tolerar essa dor por um tempo, até que o crescimento se estabilize.

Quando falamos de crescimento psíquico, a metáfora com os ossos e tendões pode nos ajudar a pensar. Há muitas tarefas do crescimento psíquico para uma criança: ir desenvolvendo mais capacidade de tolerar as frustrações, responsabilidade, autonomia, aprender a cuidar de si mesma, desenvolver confiança, segurança, entre outros. E tudo isso não é nada fácil!

Uma mesma criança pode ter mais facilidade com alguma etapa da vida, sozinha se desinteressa do seio e larga a chupeta, se atira para andar, mas na hora de entrar na escola… dá certo trabalhinho. Há uma área dela fascinada pela ideia de crescer e outra que sente mais medo, quer recuar. Esses diferentes momentos vão precisar de diferentes tipos de ajuda dos pais.

Nos momentos onde a vontade de recuar parece prevalecer, as dores de deixar para trás uma forma de gratificação parecem tão intensas, que fica difícil os pequenos vislumbrarem o que ganham com aquilo e sentirem satisfação pelo crescimento. Eles choram, ficam até doentes, desesperados para voltar no tempo. Aí os pais podem ajudar muito! Como? Sendo firmes que a tarefa do crescimento é realmente necessária e continentes das reações a isso.

Crescer dói, mas não é por isso que a gente tem que deixar de fazê-lo. Digo isso, pois frente a determinadas reações do filho, os pais se sentem tentados a devolver a chupeta, tirar da escola, trazer de volta o filho que está estudando fora. É necessário sabedoria para diferenciar o que é uma reação que pode o estar protegendo de um amadurecimento precoce, sem consistência interna ainda para existir, da que passa a mensagem: “É filho, você realmente não dá conta de crescer, volte a ser pequenininho, é só o que você consegue”.

Alguns momentos de crise precisam ser suportados por toda a família, para a criança descobrir seus próprios recursos para lidar com a situação e finalmente poder se satisfazer e usufruir do seu crescimento. Precisamos, então, como no caso dos ossos, tolerar as dores, até que o crescimento se estabilize.