Férias com filhos

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Hoje em dia é muito comum os filhos acompanharem os pais na maioria dos momentos de lazer da família. Existem pessoas que escolhem o restaurante que vão comer pelo “Espaço Kids”* que este possui: a comida pode ser acessória frente a momentos de tranquilidade. Na hora de se pensar sobre as férias da família então, com os filhos no pacote, para onde ir?

A dúvida já é muito importante. Quando se questiona para onde ir, está implícito que existem lugares melhores ou piores para desfrutar desses momentos. Mas o que faz de um lugar melhor ou pior? Há que se adotar um referencial para a decisão. Sites de viagens estão recheados de listas dos melhores lugares para férias em família. Mas como pensar no que é melhor para você e seus pequenos? Proponho um referencial subjetivo para se pensar.

É preciso conhecer-se, a si mesmo e também aos seus pequenos. O que você valoriza, o que você não abre mão, o que você sonha e o que você pode. Depois disso é interessante pensar em quem é o seu filho, o que ele dá conta e onde você pelo menos imagina que ele se adaptaria melhor. Programar uma viagem cultural cujas atrações são predominantemente monumentos e locais históricos para uma criança pequena e agitada pode arruinar as férias da família toda (e dos companheiros de viagem também).

Isso não significa que os pais estejam restritos a fazer viagens apenas orientadas para o público infantil. Para a criança também pode ser enriquecedor entrar em contato com culturas diferentes, adaptar-se ao comportamento requerido em museus, deixar-se tocar por artes e arquiteturas inovadoras ou fundantes.

Quando a viagem não é necessariamente uma viagem de criança, a negociação passa a ser elemento primordial. “Pela manhã vamos a um museu muito interessante. Você vai precisar se comportar por lá, não dá pra ficar correndo, falando alto. Mas à tarde programamos uma visita ao parque da cidade, vamos fazer piquenique, você vai poder correr e brincar à vontade”. E é preciso saber ser o adulto da situação, saber perder: se a criança acordar enjoada, intolerante, ir ao museu naquele dia pode ser mais cansativo que enriquecedor.

A maioria das pessoas sonha com viagens, faz programações e planejamentos cheios de desejos e esperança de bons momentos. Essa é a viagem imaginada, sonhada. Na realidade tem dias que acordamos com dor de cabeça, o avião atrasa, o hotel não é tão bom como nas fotos, anda-se muito e fica-se muito cansado, além de doenças eventuais, intoxicações alimentares, insolação. No geral, o saldo é positivo. Mas para que esses momentos difíceis possam ser tolerados, é necessário ter uma mente que aguente viver frustrações e manter um comportamento sociável mesmo em momentos de muito estresse. E a criança ainda está formando esta mente que dará conta de situações adversas. Os pais precisam ajudá-la. Saber quem é o seu filho pode ser fundamental para discriminar momentos onde é necessário um passo atrás no planejamento, privilegiando dar continência a ele, de outros onde é importante manter o combinado para que ele também aprenda a se adaptar e se socializar.

Um dos propósitos das viagens de férias é sair da rotina. Mas, em geral, há crianças que ficam incomodadas de dormir fora de casa, comer comidas diferentes em horários também distintos ou passar horas dentro de um carro, ônibus ou avião. Se o seu pequeno é um desses, há que se levar isso em consideração cuidando da programação da viagem e da acomodação, bem como do preparo de lanches para o caminho e de atividades para passar o tempo. Pensar e planejar pode lhe poupar momentos de muito nervosismo e render uma viagem de férias com muita proximidade de seu pequeno.

Acredito que por mais belo e interessante que seja um destino, o estado mental da gente influencia muito mais no que será uma boa experiência de férias.

* “Espaço Kids” é a área dedicada às crianças que muitos restaurantes possuem, com brinquedos e atividades voltadas a esse público.